sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Helen Keller


Helen Keller foi uma extraordinária mulher, triplamente deficiente, que ficou cega e surda, com um ano de idade, devido a uma doença diagnosticada na época como febre cerebral.
Ela vivia praticamente como sepultada viva e ainda assim conseguiu tornar-se uma célebre escritora, filósofa, conferencista, etc.
É a própria Helen quem nos conta como:



"Quando eu tinha seis anos, meu desejo de fazer-me entender crescia dia a dia. Como não conseguia quebrar esse muro de silêncio ao meu redor, ficava cada vez mais nervosa. Era como se mãos invisíveis me segurassem, e eu fazia esforços desesperados para libertar-me. Muitas vezes, meu acesso de raiva só terminava quando, completamente esgotada, caía chorando nos braços de minha mãe.
Meus pais preocupavam-se muito comigo e estavam totalmente desorientados. Mas, depois de muita procura, encontraram quem os ajudou.
O dia mais importante para a minha vida foi aquele em que minha professora, senhorita Sullivan, veio falar-me. Era 03 de março de 1887, três meses antes do meu sétimo aniversário.
Naquela manhã, a senhorita Sullivan levou-me ao seu quarto e deu-me uma boneca. Depois de ter brincado algum tempo com ela, a senhorita Sullivan “soletrou” a palavra “boneca” em minha mão. Seu jogo de dedos despertou imediatamente meu interesse e comecei a imitá-lo. Quando, finalmente, consegui imitar todas as letras, enrubeci de alegria e de orgulho infantil. Desci a escada correndo, fui até onde minha mãe estava, estendi minha mão e mostrei-lhe as letras aprendidas há pouco. Mas eu ainda não sabia que havia soletrado uma palavra, nem sequer sabia que existiam palavras. Simplesmente movimentava meus dedos, num gesto de pura imitação. Desse modo, aprendi a soletrar uma série de palavras.
Foi somente após algumas semanas que aconteceu o milagre.
Havíamos discutido sobre as palavras “m-u-g” e “w-a-t-e-r”. A senhorita Sullivan tentou ensinar-me, que “m-u-g” era caneco e “w-a-t-e-r”, água. Mas continuei fazendo confusão entre as duas. Desesperada, ela abandonou a lição.
Trouxe então meu chapéu e eu já sabia que agora iríamos passear ao sol quente. Essa idéia fez-me pular de alegria.
Tomamos o caminho do poço, seguindo o perfume das flores. Alguém estava tirando água e minha professora segurou minha mão debaixo da água que saía. Enquanto o jato fresco corria sobre uma das minhas mãos, ela “soletrou”, na outra a palavra “w-a-t-e-r”. Primeiro devagar e depois bem rápido. Fiquei parada e acompanhei tensa os movimentos de seus dedos.
Num determinado momento, fui como que atingida por um raio de conhecimento – e o segredo da linguagem estava aberto diante de mim: cada coisa tinha um nome!
Agora eu sabia que “água” significava aquela coisa fresca que corria sobre minha mão. “Aquela água viva” acordou minha alma para a vida, proporcionando-lhe luz, esperança e alegria, e libertando-a de seus grilhões.
Deixei o poço, tomada pelo desejo de aprender. Cada coisa tinha um nome.
Nesse dia, aprendi uma série de outras palavras. Não me lembro mais de todas, mas sei que “mãe”, “pai”, “irmã” estavam entre elas. Eram palavras que faziam o mundo desabrochar para mim."

Nenhum comentário: