quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Hans & Helga
Hans, filho único de um negociante, cresceu numa pequena cidade. Há quase um ano namorava Rosemarie, filha do radiotécnico do vilarejo. Os dois jovens acreditavam amar-se de fato e, quando Hans foi convocado para servir o exército, decidiram ficar noivos. A mãe de Hans, que gostava muito do filho, era contra aquele noivado tão repentino. Mas o rapaz conseguiu impor sua vontade à mãe, como sempre fazia. E o noivado, portanto, aconteceu: Hans e Rosemarie experimentaram uma sensação de vitória. Logo depois, o jovem teve de ir para o exército, numa unidade que ficava a 750 Km de sua cidade. Nas primeiras semanas e meses, Hans passou por um período de ambientação à sua nova atividade. As cartas de Rosemarie chegavam com freqüência e eram sua única alegria. Hans também as respondia prontamente. No Natal, finalmente, reencontraram-se, mas a despedida foi muito difícil.
Com o tempo, Hans percebeu que a caserna se transformara em seu segundo lar: era bom rever os companheiros. Todos tinham muito a contar – e, é claro, principalmente em relação a seus sucessos junto às moças. Hans ouvia impressionado as exibições dos outros. Sua timidez natural, contudo, o impedia de falar sobre Rosemarie. Os colegas zombavam dele por causa disso. Então, para provar que era “homem de fato”, a noite seguinte ele foi a um salão de danças daquela localidade: era onde os soldados costumavam divertir-se com as moças. O que havia de mal nisso? E foi lá que Hans percebeu que havia moças mais bonitas do que Rosemarie.
Entre as jovens que ele conheceu no salão de danças estava Helga, de 16 anos, que se apaixonou à primeira vista pelo jovem soldado. Quase que naturalmente, Hans passou a dedicar-se cada vez mais a ela, que se sentia muito contente. Helga não tinha a menor idéia de que Hans era noivo. Achava que ele a amava, embora nunca tivesse ouvido isso. Mas, para a inexperiente Helga, seus carinhos e beijos eram provas suficientes.
As cartas de Rosemarie não causavam mais a mesma alegria a Hans; ao contrário, deixavam sua consciência pesada. Mas o rapaz estava certo de que, como qualquer homem, tinha o direito de fazer aquilo. E o comportamento e as conversas de seus companheiros confirmavam-lhe essa idéia.
Em relação a Helga, seu comportamento era estranho, tirânico, impaciente, mas ela o amava ainda mais. Porém, quando Hans exigiu de Helga uma entrega total, a jovem recuou. E o soldado deixou-a plantada no lugar.
Helga não imaginava que, para Hans, esse rompimento era muito bem-vindo. Sentia-se mortalmente infeliz e não sabia como haveria de continuar, pois não podia conceber sua vida sem Hans.
Nessa noite, após muito tempo, Hans escreveu novamente uma verdadeira carta de amor à sua noiva. Era como se tivesse tirado uma pedra do seu coração, pois finalmente colocara um fim naquela complicada situação.
Somente após algumas semanas, deixou-se convencer pelos companheiros a ir de novo aquele salão de danças. Helga, que agora estava preparada para tudo, procurou reconciliar-se com ele, mas Hans lhe disse secamente que jamais a amara, e que fosse para o inferno.
Helga acreditava que o havia perdido somente pelo fato de não ter se entregado totalmente a ele. Decidiu então facilitar as coisas para um colega de Hans, que sabia de tudo. Só não entendeu quando também este a abandonou. Por fim, chegou à conclusão de que “os homens eram assim mesmo” e procurou não mais levar as coisas de amor de uma forma tão trágica. Tornou-se uma moça leviana, que namorava todos os soldados.
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