sexta-feira, 20 de março de 2009

Soneto no caminho para Damasco


No descaminho eu subia para me fartar
quando sua voz me fez ouvir meu absurdo;
e naquele resplendor, enxergando meu escuro,
senti no chão o Sol da justiça me acordar.

As ameaças que eu respirava escondiam medo e frustração:
eu era vaso frágil, velho, rachado e vazio;
uma néscia superioridade, um patriota auto-destrutivo,
pseudo poder, religioso de muita fé sem nenhuma razão.

Na ânsia de ser-melhor, atirei-me no imprevisível dessa paixão;
e é na sua bondade que feriu e matou-me,
pela qual vivo o hoje intensamente em coragem e em devoção.

Se maus tratos foi o caminho do perdão que me acendeu,
basta-me saciar prisioneiro, perseguido e condenado
dos mais estranhos caminhos desse amor que me venceu.
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Por Sérgio Lagartixa

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