O interesse pela vida e pelo amor, e o entendimento da morte são os grandes temas de O curioso caso de Benjamin Button , filme que representa a virada radical da carreira de David Fincher e pode se igualar a Clube da luta como o grande trabalho do diretor. A comparação, contudo, será sempre descabida. Enquanto a adaptação do livro de Chuck Polahniuck é um atestado anárquico e filosófico sobre o mundo moderno, a versão livre do conto de F. Scott Ftzgerard é uma triste celebração da incoerência da alma humana. Benjamin Button. Na sua existência fantástica ao longo do século passado, vivendo a guerra, mantendo um grande amor, beijando paixões e percorrendo o mundo, só quer provar que a integridade de suas emoções é maior que qualquer evento ou sentimento.
A trama poderia cair na pieguice hollyoodiana. Caso não estivéssemos falando de três sujeitos chamados David Fincher, Brad Pitt e Eric Roth. Fincher, na sua conhecida mania por detalhes, aplica sentimento em todos os seus planos, ajudado pela fotografia primorosa de Cláudio Miranda (que toma elementos emprestados de Dariuz Wolski, de Sweeney Todd e O Corvo) e a trilha sonora de Alexandre Desplat ( A Rainha); Pitt é a alma do longa, nunca sendo grotesco o bastante para afastar a platéia ou normal demais para ganhar simpatia gratuita; e Roth desconstrói o texto fonte numa fábula melancólica que guarda diversas similaridades a Forest Gump, na passagem do tempo, efeitos revolucionários e nas lágrimas. O curioso caso de Benjamin Button é um filme para ser visto e revisto várias vezes. Até mesmo começando pelo final.
Rodrigo Salem
Fonte.: revista SET
Nenhum comentário:
Postar um comentário