domingo, 21 de setembro de 2008

Descanso no interior de si mesmo

Há mais ou menos um mês fiz uma viagem ao interior de Minas Gerais. Fui à casa de uma prima que não via desde a infância. A cidade é pequena e o ritmo é devagar e sempre. As pessoas que conheci conversavam desapressadamente, qualquer assunto era motivo para demoradas considerações. Eu, refém da educação e do bom senso ouvia angustiado as simples implicações das opiniões alheias acerca de diversos assuntos com pressa não sei de que. Minha mente ainda estava condicionada à pressão da capital e as demandas das minhas inúmeras atividades.
Até me adaptar àquele ritmo de vida do interior, tive algumas relações estranhas nos primeiros dias, uma delas com o silêncio. Na casa onde fiquei hospedado o silêncio era terapêutico, aprendi na solitude que minha alma precisava desses encontros comigo mesmo. Nessas “egotrips” lembrei-me que sentimentos contrários à saúde se alojaram em mim deflagrando algumas disfunções psicológicas. Percebi que a ansiedade, provocou-me a paralisação da minha capacidade criativa e vivencial. Eu fico meio que num estado de entorpecimento quando me encontro em profunda e contínua ansiedade. O engraçado é que de uns anos pra cá, tenho conversado com pessoas que se queixam, na maioria dos casos, de ansiedade e tudo que vem atrelado a ela. Longe de ser um psicólogo, apenas tenho uma leitura leiga do comportamento humano baseado na observação e relação com as pessoas. Sem falar que convivo quase que constantemente com pessoas impacientes, aflitas, angustiadas que pelo hábito de tais sentimentos, tolerando-os, acabam por tornar-se parte existencial das suas próprias projeções. Fico observando nas minhas relações que cada pessoa tem seu lote de impaciência, insofrimento e sofreguidão principalmente em se tratando de como viver nesses dias onde se sobrevive tanto quanto se vive com qualidade. Nesse afã de estar no padrão de consumo, busca-se mais nível, qualificação, o que demanda mais horas do que um dia possa ter. O desejo ardente ou veemente de sentir-se aceito não pelo que se é, mas pelo que se tem move a ciranda do poder da lei da selva que exalta o “forte”... e esmaga o “fraco” cada vez mais. O que vem daí desemboca em todos os males das calamidades sistêmicas das relações humanas.
Percebo que minha geração trocou a esperança pelo medo e se descaracterizou ante o pavor dos insucessos da vida criando alternativas de medo e esperança adquirida especialmente por uma generalização de estímulos que vão desde a banalização dos sentimentos ao custo da felicidade a qualquer preço. No fundo, melhor dizendo, no âmago de todos esses fatos, consciente ou inconscientemente todas as pessoas estão fugindo de algo, tentam andar na contramão da realidade. Buscam um refúgio. Um “interior de Minas” para descansar. Seria como se estivéssemos viajando longo tempo e distância ansiando por conforto e o descanso de um lar. É isso que torna a promessa das bem-aventuranças tão maravilhosa: “alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus.” Qual a nossa recompensa? O lar. Um lugar permanente de retiro.
Quando você olha este mundo manchado de sangue e marcado pelo egoísmo, não lhe dá vontade de ir para o “lar”? O santo homem do passado nos diz que, quando chegarmos ao lar celestial, “Deus enxugará nossas lágrimas”... Enfim, encontraremos descanso. Para sempre.
Haverá um dia em que querendo ou não, sabendo disso ou não, a consumação de todas as coisas sobrevirá à existência humana, a saber, o mundo passará, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.” Antes que esse dia chegue ouçamos seu chamado divino: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.”. O descanso de que preciso é mais do que fugir para um interior de qualquer lugar, é entregar-me Àquele que me promete paz e segurança sobre todas as circunstâncias apenas por me permitir segui-lo para o lar.

Você se arrisca?

Jesus é o Guia, o caminho, a verdade...seu amigo...que te levará ao descanso prometido.

Um abraço fraterno.

Por Márcio.

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