sexta-feira, 12 de março de 2010

O vídeo conhecido com a luta do século e catapultou Carlos Ray Norris à fama: Chuck Norris contra Bruce Lee no filme de 1972, "O caminho do Dragão".


sábado, 6 de março de 2010

Tudo o que os professores fizeram para matar a sua criatividade

Parte 1: “Se você não estiver preparado para estar errado, nunca vai ter uma idéia original”




Parte 2: “De repente, um diploma não vale mais nada”



via: a bacia das almas

terça-feira, 2 de março de 2010


Não me lembro quando flertei com o “lado negro da força”; embora meu irmão tenha sido o cupido. Ops! “refazerei” a frase – está muito romântica: não me lembro quando fui ARRASTADO para o lado negro da força; embora meu irmão tenha dado o empurrão.

Aos 6 anos de idade, acompanhava meu irmão assistindo filmes de terror. Um hábito que ele adquiriu sei lá como. A merda é que eu passei a gostar também, mesmo me cagando de medo. Começamos com os clássicos dos anos 70. Alugávamos os filmes mais pop´s; depois, os que ninguém assistia. E para piorar, começamos a intensificar o nível de adrenalina; ou seja, colocávamos o relógio para despertar de madrugada para que o ambiente fosse mais favorável ao espanto que o tal filme produzia em nós. Devido às pesquisas do meu irmão, tivemos acesso a um filme que, diria ele, faria com que eu o assistisse de fralda; tamanha impressão que ele causaria. Quando assistimos o filme, de fato, aquilo me impressionou de tal maneira, que fiquei uma semana tendo pesadelos.

Gente boa, meu irmão!

***

Brincadeira de criança. Oh! Coisa boa. Era a onda dos carrinhos de rolimã. Eu era o assistente do meu irmão na construção desses carrinhos. Nós fazíamos um pouco de cada vez, porque nosso pai proibia que andássemos neles. Coisa boba, não é? Qual o pai que proíbe os filhos de brincar de carrinho de rolimã? O nosso, é claro! Pai malvado! Vai ver que sua proibição tinha a ver com os boatos que ele ouvia a respeito do “castelinho”. Castelinho? O que é? Bem, o castelinho é um apelido que alguém deu a uma seqüência de ladeiras que havia nas proximidades de casa. Nosso pai conhecia bem seus filhos para não permitir que, ao menos, fosse construída essa arma por nós. Papai saiu para trabalhar. Imediatamente, aprontamos o carro. Meu irmão ditava, e eu conferia:

- direção, rodas, freio...

- ok, respondendo cada item.

Aguardávamos o momento em que estrearíamos o nosso carro de rolimãs. Mal sabia eu o que me aguardava. Chegou o dia. Fomos para o local arrastando o carro pelas ruas do bairro até chegarmos na base onde milhares de garotos estavam com seus carros para subir e descer aquela sequência de ladeiras. Quando olhei a altura do tal “castelinho” - senti um fio na espinha. E para aumentar o meu medo, um garoto que descia de bruços, teve o seu carro preso por um obstáculo, continuando ele a quicar de peito pelo asfalto. Os mamilos dele, simplesmente, desapareceram! Fomos então subindo a ladeira, chegamos ao ponto alto, sentamos no carro e...descemos. Aquela sensação marcou-me a ferro pelo resto da vida. Gritava que nem um louco. Acho que nenhum parque de diversões nesse mundo me fará sentir o que senti naquele dia. Fomos para casa à noitinha.

Nosso pai estava esperando. Descobrira tudo. Apanhamos que nem vira-latas.

Gente boa, meu irmão!

***

Adolescência. Época em que o cérebro hiberna. Os hormônios, por sua conta, estão acordadíssimos.

Meu pai sempre teve uma oficina em casa. Até hoje, é o seu trabalho. Hoje, tanto quanto antigamente, seu trabalho produz sucata; embora no passado o volume de sucata era bem maior. Quando meu pai autorizava, eu e meu irmão limpávamos a oficina e separávamos a sucata em latões que, posteriormente, seriam transportados para um local de armazenagem que pagava pelo produto. Trabalho duro! Vendíamos a sucata e repartíamos o dinheiro. Lembra quando disse que adolescente tem um período de anencefalia? Pois bem, decidimos gastar esse dinheiro comprando uma playboy.

- Que idéia genial haha! Quem vai comprar? Perguntei.

- Dúvidas? O irmão mais novo é claro.

Fui ao jornaleiro, como quem vai ao corredor da morte. Estava com tanta vergonha que pensei em voltar mil vezes. Coloquei-me diante da banca de jornal que ficava de frente a uma padaria bem movimentada.

- o que foi garoto? Perguntou o jornaleiro.

Estava com tanta vergonha que não disse uma palavra, somente apontei para a primeira imagem que vi.

O cara para sacanear gritou:

- ESSA REVISTA DE PUTARIA AQUI?

Na mesma hora, todas as pessoas da padaria olharam para o garoto pálido diante da banca de jornais. Ele me deu a revista gargalhando e eu lancei o dinheiro no balcão. Corri como um félaDP para casa para me suicidar.

Somente em casa, descobri que não se tratava de uma playboy e sim de um pôster dobrado. Ainda quase apanhei do meu irmão, indignado.

Gente boa, meu irmão!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A longa rixa da misericórdia com as ordens da criação



No princípio era o caos, até que Deus instaurou a ordem. O primeiro capítulo de Gênesis enfatiza à exaustão o caráter organizatório da iniciativa divina primordial. Deus, o primeiro enciclopedista, fixa os astros nas suas órbitas, fatia céu e terra, divide céus e mares, coloca luz e escuridão em compartimentos estanques, põe dia e noite em suas respectivas prateleiras, faz brotar cada planta rasteira, cada árvore, cada ave, cada peixe, cada animal rastejante, cada animal doméstico e cada animal selvagem “segundo as suas espécies”, distribui o ser humano entre homem e mulher, reparte a semana em sete dias, fende o dia em tarde e manhã, e coloca em cada um metódicos crachás escritos por ele mesmo.

A organização aparece na história como característica fundamental e inseparável do universo e do próprio Deus. A ordem das coisas na terra, demonstram as burocráticas enumerações de Gênesis, reflete o planejamento da mente divina no céu. Dito de outra forma, as coisas são precisamente como deveriam ser, e o nosso é o melhor dos mundos possíveis.

Ao longo dos séculos, na mente da esmagadora maioria dos cristãos, esse estado inicial da criação tem representado uma espécie de intocável Idade do Ouro. Segundo esse modo de ver as coisas, Gênesis 1 e 2 estabelecem o conjunto de circunstâncias que encapsula a essência do que o cristianismo deve defender. Aqui estão, afinal de contas, a soberania divina, a singularidade da humanidade em relação às demais criaturas, a instituição da família e do casamento, o direito de domínio do ser humano sobre a natureza. O mundo como Deus o criou em Gênesis estaria dessa forma demarcado por “ordens da criação”, categorias muito precisas e muito fixas que cabe aos puros de coração defender, porque violá-las é devolver o mundo ao desfigurante e degradante caos que precedeu a iniciativa ordenatória de Deus.

Não mexa no meu queijo.

Contra as mulheres, pela procriação

É o argumento das “ordens da criação” que, ainda hoje, impede que mulheres sejam ordenadas ao sacerdócio ou ao ministério em igrejas cristãs de todas as estirpes. Em 1969, por exemplo, o sínodo da igreja luterana do Missouri legislou que “diante das declarações da Escritura que a mulher não deve ensinar ou exercer autoridade sobre o homem, entendemos que mulheres não devem assumir cargos pastorais ou qualquer outra posição que viole de alguma forma a ordem da criação”.

Afinal de contas, deixa claro o Apóstolo, é coisa vergonhosa que uma esposa fale na igreja; a própria Lei afirma que as mulheres devem ser submissas; Adão precedeu a mulher na ordem cronológica da criação; o homem não foi criado para a mulher, mas a mulher para o homem; o marido é a cabeça da esposa; a mulher veio do homem, e não o homem da mulher; o homem não foi enganado, mas a mulher deixou-se enganar pela serpente. A conclusão é clara: na hierarquia ideal da criação, que não cabe ao ser humano querer violar, a mulher é inerentemente subordinada ao homem. Almejar uma posição de igualdade funcional é arrogância e rebelião; é lutar contra as ordens da criação, ou seja, contra a integridade da tessitura mais essencial do universo.

O relatório do mesmo sínodo faz os seguintes esclarecimentos adicionais: “A ordem da redenção não deve viciar o relacionamento apropriado entre mulheres e homens estabelecido na ordem da criação”. “A unicidade do homem e da mulher em Cristo não apaga a distinção estabelecida na criação”. “A subordinação da mulher ao homem na ordem da criação é uma relação funcional dada pelo criador, que escolheu estruturar a existência em determinadas linhas”. “O casamento e o estado pertencem às ordens da criação”. “Deus é o criador de certos relacionamentos básicos que impedem a vida e a sociedade de degenerarem em anarquia”. “Paulo não queria que as mulheres transtornassem a hierarquia de funções estabelecida na criação, especialmente logo após a queda”. “A subordinação da esposa ao marido é parte da ordem da criação”. “A convicção do apóstolo é que a igreja não deve minar, mas santificar as ordens da criação”. “Paulo está decidido a defender a instituição do matrimônio como pertencente às ordens da criação, em que a renovação não é alcançada por meio de desordem e ruptura, mas pela observância e pela santificação da prática de autoridade por parte do marido e de submissão por parte da esposa”.

Em outras palavras, a mulher pode não ser criatura de segunda classe, mas na ordem da criação ficou estabelecido que deve agir como se fosse. Mulheres e esposas devem abraçar esse destino de bom grado, da mesma forma que homens e maridos devem se conformarem à dura posição de primazia que a criação deixou-lhe nas mãos.

A questão do sacerdócio feminino é hoje relevante para uma diminuta fração da população, mas sua lógica subjacente é a mesma que manteve fechado, durante dois mil anos, o acesso da mulher a um status igualitário em termos jurídicos, financeiros, políticos e profissionais. A inferioridade da mulher é coisa que nem ao menos se discutia, por ser uma das verdades evidentes patenteadas na ordem da criação.

Assim, ao longo de dois mil anos de civilização cristã, as mulheres foram silenciadas e reprimidas, ao mesmo tempo em que eram acusadas (via Eva, de quem teriam herdado suas fraquezas) de serem culpadas por virtualmente todos os males que assolam a humanidade; foram perseguidas como bruxas, torturadas sem dó, separadas de suas famílias e queimadas publicamente; tiveram suas vidas legisladas, suas opiniões enterradas e direitos cerceados, mesmo nos nossos dias.

E contra esse estado de coisas não ocorria a ninguém dizer uma palavra, porque tacitamente todos concordavam que Deus “escolheu estruturar a existência em determinadas linhas”. A estratificação social do primeiro casal e suas relações internas de autoridade e subordinação haviam sido estabelecidas pelo Criador no princípio, e é assim que deveriam se manter. A alternativa era inimaginável.

“Quem está pedindo o voto para as mulheres?” quis saber Justin Fulton em 1869. “Os que amam a Deus e seguem a Cristo é que não são! A maior parte dos que reivindicam o voto para as mulheres repudiam a legislação do Céu e os prazeres domésticos, e deixam-se levar pela infidelidade e pela ruína”.

Contra os negros, pela escravidão

Aplacados pela lógica da “ordem da criação”, os cristãos conviveram pacificamente, ao longo de dezoito séculos, com toda forma de escravidão e preconceito de raça.

A supremacia dos brancos sobre todas as outras raças havia sido, afinal de contas, estabelecida diretamente por Deus. Os negros, em particular, eram tidos como descendentes de Cão, o filho amaldiçoado de Noé cujo filho Canaã fora condenado a ser “servo dos servos de seus irmãos”1.

Com essa desculpa, a divisão racial fendeu por séculos países como os Estados Unidos e a África do Sul, com a devida sanção de seus líderes cristãos. “A escravidão foi estabelecida por decreto do Deus Todo-Poderoso”, explicou Jefferson Davis, presidente da Confederação. “Ela é sancionada pela Bíblia em ambos os testamentos, de Gênesis a Apocalipse. Tem existido em todas as épocas, sendo encontrada entre os povos da mais alta civilização e nas nações de maior destaque nas artes”.

Como ainda se crê que as distinções fundamentais entre as raças foram estabelecidas por Deus na criação, em muitas áreas dos Estados Unidos o casamento entre pessoas de raças diferentes permanece sendo visto como inaceitável – verdadeira abominação. Um juiz da Virgínia observou em 1959: “O Deus Todo-Poderoso criou as raças branca, negra, amarela, malaia e vermelha e colocou-as em continentes separados. A não ser que se queira perturbar esse arranjo de coisas, não vejo motivo para esses casamentos [mistos]“.

Pela pátria, contra as outras nações

Na Alemanha de Hitler, nos anos que antecederam à Segunda Guerra, o conceito cristão de ordem da criação alimentou o nacionalismo doentio que acabou gerando o nacional-socialismo – nazismo – e seus excessos.

Para os teólogos do popularíssimo movimento “Cristãos Germânicos” o Volk, a nacionalidade, era visto como uma ordem particular de Deus para a humanidade. A pátria era a vocação espiritual por excelência e o Estado o mais direto desdobramento dessa ordem divina, pelo que rebelar-se contra a liderança de Hitler era rebelar-se contra Deus.

“Cada desvio da ordem divina”, admitiu Walter Künneth (que nem mesmo era simpatizante de Hitler), “ocasiona decadência e caos”, enquanto Emile Hirsch explicava que a nacionalidade é “um meio de revelação de Deus”. Gerhard May argumentava que a liberdade cristã é na verdade obediência às leis e demais determinações do Estado, e em favor de sua posição citava a postura do Novo Testamento sobre a escravidão.

A liberdade de opinião que exigiam os membros da Igreja Confessante, a liberdade de discordar da ordem divina manifesta no Estado, era “a satânica liberdade dos pecadores”, que nenhum cristão deveria querer reivindicar para si. Pois “a vontade divina expressa na lei é demonstrada pelas ordenanças claras e invioláveis que governam a vida das nações”2.

Dito de outra forma, para ser cristão é preciso ser patriota, e para ser patriota é preciso demonstrar apoio irrestrito às ações do governo3. Pois foi assim que Deus quis quando deitou nas formas do futuro as ordens imutáveis da criação.

Pela fraternidade, pela igualdade, pela graça

Ao longo da história os cristãos que ousaram discordar da supremacia da “ordem da criação” tiveram de lutar contra a corrente da interpretação estática das Escrituras. Afinal de contas, o próprio Novo Testamento não oferece uma palavra de condenação à escravidão; ao contrário, em muitas passagens parece sancioná-la sem encontrar na questão qualquer dilema moral. Era muito difícil para os abolicionistas justificar biblicamente sua posição, enquanto que os escravagistas tinham (e ainda tem) dúzias de versículos para acenar em seu favor. Dispor-se a lutar pela abolição era, em grande medida, dispor-se a lutar contra Deus e contra a Bíblia.

Da mesma forma, os que advogavam pelos direitos das mulheres tinham de procurar uma agulha no enorme palheiro patriarcal e sexista que é o texto bíblico. Para cada momento em que Jesus é amigo das mulheres há dez em que Paulo nos lembra de que Eva é quem foi enganada pela serpente.

O milagre está em que muito lentamente, um imperceptível passo de cada vez, as vozes da misericórdia e da sanidade (que são uma só) acabam sendo ouvidas, mesmo quando os ouvidos são cristãos.

Os anabatistas foram os primeiros a criticar escravidão, logo seguidos pelos quacres e os menonitas, mas foi John Wesley (fundador da Igreja Metodista) quem deu verdadeira forma e credibilidade pública à posição abolicionista.

Influenciado por Barth, Dietrich Bonhoeffer passou questionar diante dos teólogos nazistas toda a validade da sua argumentação. Para Bonhoeffer o argumento das ordens da criação é falho porque pode ser usado para justificar virtualmente qualquer estado de coisas, por mais injusto ou arbitrário que seja. Para ele, as ordens do mundo derivam seu valor não de si mesmas, mas de Cristo, que é a nova criação e portanto a nova referência para todas as coisas. “Qualquer ordem”, enfatiza ele, “pode ser dissolvida e deve ser dissolvida quando deixa de permitir a proclamação da revelação”.

Em todos os casos os proponentes da graça, quando dispuseram-se a combater o preconceito, o racismo, o sexismo, o totalitarismo, a escravidão e o abismo entre as classes tiveram de abraçar a Bíblia sem abraçar-lhe a letra. Não começaram, porque não é possível, negando o sexismo dos patriarcas e discípulos ou a sanção bíblica da escravidão. Como os profetas antes deles, tiveram de apontar para um sentido mais profundo e mais abrangente da mensagem bíblica, uma mensagem transversal fundamentada não na forma dos mandamentos mas no exemplo de Jesus – e na pressuposição de que não há exemplo mais cristão a ser seguido.

Porque em Jesus, se você acredita nele, fica tudo de repente muito claro. Em Jesus, Deus, e portanto a criação, toma partido dos desamparados e dos marginalizados.

No tempo de Jesus todos sabiam que, na ordem dura da criação, os doentes eram pecadores que Deus estava punindo, as mulheres eram seres impuros que não podiam candidatar-se ao discipulado e os pobres eram desamparados por Deus que não tinham recursos para cumprir as minuciosas exigências da lei. E Jesus, contra mundum, beija cuidadosamente cada um e acolhe-os no abraço da graça.

Num único e coerente gesto de vida ele transtorna a ordem estabelecida, coloca as coisas em lugares inesperados e explica que age em nome de Deus. O Filho do Homem deixa que seus amigos colham espigas no sábado, e ele mesmo efetua curas nesse dia de descanso, não apenas porque a criação não está pronta (“meu pai ainda está trabalhando”), mas porque – e eis a grande e desconcertante revelação – “a ordem da criação foi feita para o homem, e não o homem para o ordem da criação”.

O que há em Jesus, é essencialmente, uma crítica pungente a toda espécie de dominação, mesmo a que é feita em nome de Deus. Sua postura é, portanto, uma ameaça a todo conforto e a todo estado de coisas. Agora ele está pendurado na cruz, mas com o tempo sua mensagem alcançará e redimirá a condição de todos os pequenos deste mundo. Agora fecham-no no túmulo, mas graças a ele haverá no futuro um momento em que escravos, pobres, mulheres, crianças e gente de todas as raças não terão mais de se envergonhar da sua condição.

Contra os gays, contra o planeta

Agora que você não pode mais contar piadas que ridicularizem os negros, agora que sua chefe ganha mais do que você, os preconceitos embasados no conceito das ordens da criação escolheram novos alvos.

São alvos mais fragéis e inesperados, e portanto mais adequados à predação neste momento da história. Hoje em dia, quando acenam com o argumento das ordens da criação, os cristãos estarão fatalmente [1] condenando a conduta homossexual ou [2] asseverando o seu direito de explorar os recursos do planeta.

O alvo mais fácil são, naturalmente, os homossexuais. Quando o relato de Gênesis deixa claro que Deus criou a mulher para o homem, o que pode haver de mais contrário à disposição inicial das coisas do que a união sexual entre pessoas do mesmo sexo? Se Jesus disse do divórcio que “no princípio não era assim”, o que teria dito do casamento entre homossexuais?

Isso porque todos os argumentos bíblicos apontados contra a homossexualidade resolvem-se em nada quando comparados a este, que é na verdade o único: na ordem original das coisas não era assim.

Um documento que circula na porção cristã da internet deixa clara a argumentação subjacente: “a pressão para que a igreja aprove a união entre homossexuais representa um ataque direto aos valores do casamento e da família, pois a união entre pessoas do mesmo sexo nega as ordens da criação, a complementaridade entre homem e mulher estabelecida por Deus e o mandamento valorizador de vida que afirma ‘fruticai-vos e multiplicai’”. A homossexualidade, portanto, é em sua essência uma afronta aos pilares divinamente estabelecidos em Gênesis: as ordens da criação.

Numa instância paralela, as ordens da criação são mencionadas pelos protestantes norte-americanos como credencial para explorarem até o sumo os recursos naturais da terra. Quem irá levantar-se para denunciar os abusos do homem contra a natureza, quando Gênesis assegura que Deus lhe conferiu pleno domínio sobre a terra? Como condenar os desmatamentos, a extinção escandalosa das espécies e o aquecimento global, quando a narrativa da criação esclarece que o homem foi criado para colocar o planeta sob sujeição?

Pelo que lêem em Gênesis, Deus não apenas deu ao homem carta branca para violentar a terra; deu-lhe essa missão.

Contra o medo

Como intuiu Bonhoeffer, o argumento das ordens da criação permanece sendo usado a fim de manter o estado confortável de coisas para os que se sentem confortáveis com o modo como as coisas estão.

A proliferação de união homossexuais é vista como uma ameaça formidável à instituição da família – e a família é a ordem da criação por excelência, a unidade essencial que mantém no lugar os fundamentos do cosmos. Violar essa ordem primordial das coisas é tido como a forma mais abominável de rebelião; não apenas contra Deus (como se não bastasse), mas contra o próprio universo.

Do mesmo modo, alimentar uma consciência ecológica é, em última instância, voltar-se contra a ordem divina revelada em Gênesis 1. Nosso dever como seres humanos não é preservar o planeta, mas mostrar a ele quem manda; Deus, afinal de contas, está quase pronto para dar-nos um novo e inteiramente remodelado.

E o fundamento para todos esses raciocínios, é preciso enfatizar, é um só: o Criador não quer que seja de outra forma, do contrário teria feito diferente desde o começo. Os verdadeiros crentes desejarão conformar-se à vontade divina, pelo que não ousarão inverter a ordem das coisas.

A solução para o dilema, quero crer, está em determinar até que ponto Deus deixou de ser Criador, ou em que momento a criação foi de fato concluída. A Bíblia, é claro, oferece curiosas evidências para sugerir que a obra da criação permanece em aberto. Deus é, até a última página, aquele que “faz novas todas as coisas”. O Filho do Homem e seus seguidores são em especial descritos como “novas criaturas”, isto é, protagonistas de uma nova e totalmente inusitada criação – porque, observa Jesus, um tanto blasfemamente, “meu Pai continua trabalhando”.

Como propõe Edward H. Schroeder em sua análise sobre a questão da ordenação feminina: se Deus permanece sendo o Deus Criador, como não concluir que as mudanças sociais ocorridas no tempo que nos separa de Paulo, mudanças que acabaram possibilitando o status igualitário da mulher, são obra do mesmo Criador? Como não concluir que foram mudanças sopradas na humanidade pelo exemplo singular e subversivo de Cristo? A obra do evangelho não estará derramando sobre o mundo seus inesperados desdobramentos?

“A consequência clara do evangelho,” observa Schroeder, “é que as ordens da criação são impermanentes. Com o tempo acabarão passando, juntamente com ‘o céu e a terra’”. A igreja não deve temer essa impermanência, porque “a própria igreja veio à existência através de um ato de violação”. A ordem fundamental da criação, pela qual o pecador deve ser invariavelmente punido com a morte, foi espetacularmente contornada pelo esvaziamento de Deus, e dessa formidável violação nasceu uma formidável possibilidade de vida. É por isso que em seu cerne a mensagem do evangelho é um escândalo – uma violação extrema da lógica e da ordem inerentes ao universo.

“A preocupação da igreja”, conclui Schroeder, “deve ser evitar que o próprio evangelho seja violado; fora isso, ela deve deixar que o evangelho promova suas próprias violações, credenciado pela autoridade do próprio Cristo”.

Jacques Ellul, refletindo sobre essas coisas, concluiu que toda a lei e toda a justiça devem estar embasadas em Cristo. O mundo e a condição humana, propõe ele, encontram-se numa situação inteiramente nova diante da revelação e da obra redentora de Deus em Cristo. O que era considerado lei natural deve perder de agora em diante o seu caráter normativo, sendo relativizado pela desconcertante reviravolta da justificação.

Ou, na reflexão de James Alison, nossa visão de Deus como Criador deve deixar de ser a de alguém que fez algo no passado para a de alguém que está fazendo algo nos nossos dias por meio de Jesus – Jesus que estava com o Pai desde o princípio, fazendo todas as coisas.

A escandalosa verdade é que a liga que sustenta o universo não é a família ou o casamento, mas a misericórdia, soprada por Deus e manifesta pelos homens. De um modo transversal o próprio Jesus demonstrou esse princípio quando explicou que “no princípio não era assim, mas o divórcio foi instituído por causa da dureza do coração de vocês”. Em outras palavras, ele está revelando que o divórcio foi instituído, incrivelmente, por uma vitória da misericórdia contra a ordem da criação. Está longe de ser uma solução ideal e não estava prevista na ordem original das coisas, mas é uma resposta da graça diante da irreversível complexidade da condição humana.

Nos dois mil anos que nos separam da cruz a condição humana imergiu em muitas camadas adicionais de complexidade. Porém a misericórdia tem continuando a violar, de forma sistemática e sempre escandalosa, as ordens da criação. Quando a sua obra estará concluída? Talvez no momento em que cumprir-se por completo a profecia de Paulo, e em Cristo não houver mais judeu e grego, civilizado e bárbaro, escravo e livre, homem e mulher.

Ou, para citar João, no momento em que o amor lançar fora todo o medo.

Pois o apego irresistível às ordens da criação é, essencialmente, o apego dos seres humanos (especialmente os do sexo masculino) às formas de dominação, como alternativa ao medo e ao sentimento de inadequação. Porque é sabido que os homens, que escreveram até recentemente toda a história, sentem que devem provar continuamente o seu valor, que pensam ser a mesma coisa que sua masculinidade. Se lutavam para manter o estado de coisas por meio de sexismo, do racismo e do nacionalismo é por que temiam instintivamente a competição das mulheres, dos homens de outras raças e dos povos de outras nações. É pelo mesmo motivo que recusam-se a trocar o seu Hummer, que epitomiza tão adequadamente a sua masculinidade, por uma scooter ou um carro mais econômico. E, porque não querem ver a sua própria masculinidade de alguma forma colocada em cheque, lutam por um mundo em que não precisem testemunhar o beijo apaixonado de dois barbados ou (talvez pior) de duas mulheres. As ordens da criação acenam com um mundo seguro, em que todas as coisas tem o seu lugar, e é apavorante imaginar que possa ser diferente.

Enquanto isso o Filho do Homem, que morreu virilmente na cruz e procura nos atrair incessantemente para a mesma posição, divulga sem pausa o escândalo e a boa nova de que não há absolutamente o que temer.


NOTAS
  1. Gênesis 9:22-25 []
  2. De forma semelhante, Lutero sentia-se à vontade para imprecar contra os judeus e Hitler para exterminá-los, afirmando-se cristãos os dois []
  3. Os Estados Unidos, um tanto paradoxalmente, abraçam crenças semelhantes através do conceito de Destino Manifesto []
Fonte.: A bacia das almas

terça-feira, 29 de setembro de 2009



Arte de areia em tela de vidro

terça-feira, 4 de agosto de 2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009

deus é fiel!

Deus virou cartola do Real Madri.:
Confiram -




Kaká

Cristão fervoroso, casou-se virgem com Caroline sob orientação do JC.
Resultado: Segundo Caroline, foi por isso que Deus arrumou € 65 milhões para o Real Madrid contratá-lo. Foi recebido por 40 mil torcedores em sua apresentação.

Cristiano Ronaldo

Tá solto, tá na vida, fazendo a rapa sem dó nas maiores gostosas da Europa.
Resultado: Deus arrumou € 94 milhões pro Real contratá-lo além de ser recebido por mais de 80 mil torcedores.

Fonte.: Surra de pão mole
Via: Xongas

terça-feira, 14 de julho de 2009

SALVANDO GRACE



Alguns seriados americanos têm me surpreendido. Isto afirmo por uma questão de conveniência, porque gosto de temas que envolvam a relação da natureza humana versus natureza divina. Há um tempo atrás tinha postado um texto sobre a série Eli Stone, onde um inescrupuloso advogado tornara-se um solicito ativista em prol dos menos favorecidos; endossando tal influência benigna a misteriosas visões que tinha. Recentemente, um amigo me indicou Saving Grace; uma história que gira em torno de uma detetive de comportamento autodestrutivo, que vê a sua vida mudar quando recebe a visita de um anjo.

Os extremos desse personagem revelam uma mulher cínica, que abusa do álcool e tem prazer na devassidão, assim como quem transa com qualquer um que aparece. Até o dia em que dirigindo bêbada, Grace atropela e mata um cara e pede ajuda de Deus. E para a sua surpresa Deus realmente manda um anjo - bem esquisito, com cara de bêbado, e que masca tabaco, mas ainda sim um anjo, com asas e tudo.

Earl - o anjo - explica que se ela continuar levando a vida que leva vai acabar indo para o inferno e que essa é sua última chance de mudar as coisas. Grace começa a achar que foi um sonho e que imaginou tudo, mas procurando bem, encontra um pouco de sangue debaixo do botão da sua blusa, e descobre que é de um presidiário que está no corredor da morte há 12 anos, Leon.

Grace vai à penitenciária e descobre que Leon é o cara que ela atropelou, e também descobre que ele recebe visitas de Earl, assim como ela, e mais: na noite que ela supostamente teria atropelado Leon, ele sonhou com isso exatamente como ela havia visto. Leon também pergunta a Grace se ela já foi salva por Deus, e diz a ela que quando chegar a hora dele vai estar preparado.

A advertência do anjo parece fatalista, como os expedientes que alguns religiosos utilizam para dissuadir seus ouvintes a não irem para o inferno em troca do céu loteado. Porém, no decorrer da trama, percebe-se que o anjo – longe daquela áurea de brancura e de ser politicamente correto – insistentemente, acaba relacionando cotidiano com significado, apesar da total descrença de Grace.

Acredito que a demanda por significado acaba mudando a maneira como Grace enxerga as pessoas e os fatos cotidianos, mesmo que essa necessidade intrínseca em Grace revelada pelos diálogos com Earl não fossem percebidas imediatamente. Mesmo que a recomendação para evitar o inferno pareça clichê; uma intimação para que se mude de vida num estalar de dedos, Earl o faz com sarcasmo e ao mesmo tempo com profundidade simples, dando tempo ao tempo, acompanhando, sempre solícito, imparcial, indulgente. Tudo isso com uma boa pitada de humor.

A maneira como Earl conduz seus encontros faz com que os diálogos entre eles mostrem a longanimidade com a qual ele trata a debochada e cínica Grace. Mas Earl é resoluto. Talvez ele saiba no que isso vai dar; talvez não. Mesmo assim, Earl vai prosseguindo com sua missão.

Percebo que o objetivo desse seriado é mais do que mostrar a realidade degradada pelos desajustes sociais nos quais Grace tem que enfrentar como detetive diariamente.

Esse seriado também revela uma vontade!

A vontade de Deus revelada no seu amor incondicional por cada criatura. De um extremo ao outro. Do politicamente correto ao presidiário no corredor da morte, passando por aquele que o venere em adoração ao que lhe esbofeteia a face. Sim! Esse seriado consegue assimilar muito bem o que religiosos demoram anos para entender; se é que entenderão um dia: o amor de Deus é constante por toda a criatura – Ele não é partidário. Ele não escreve na cartilha de qualquer religião. Deus é Um e Deus é amor. E isso não muda!

E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.

Deus é amigo dos homens! Ele se reconciliou com a humanidade através da morte de Jesus. Os sinais dessa amizade são berrantes e alegóricos. São anjos de Deus se identificando conosco; pacientemente suportando nossa arrogância, deboche e ignorância. Mesmo assim, alguns querem permanecer cínicos, infelizmente.

São pessoas que se tornam anjos como Earl, alertando sem imediatismos e resultados no espectro da vida; apenas confrontando o periférico com o que é essencial, afirmando que o amor supera tudo, até o inferno.

Quando percebo alguém que se violenta através de um vício ou do egoísmo com que conduz sua vida e seus relacionamentos, são poucos os que investem tempo e amor para que essas vidas sejam tocadas pela ternura e de certa forma sejam curadas de uma cegueira que os impossibilita de enxergar ou perceber o significado que o amor produz em e através de si. Em contraste, muitos se afastam por medo de contaminar-se com a “impureza”.

Tomara que no decorrer da trama, Grace seja transformada pelo amor tanto quanto Earl cumpra sua missão.

Um abraço fraterno!

Por Márcio

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A HISTÓRIA DO "BOLA DE SEBO"



A famosa história do Bola de sebo, no clássico da sessão da tarde "Conta comigo" (stand by me), que nos fez rir até botar a coca cola pelo nariz. Esse filme nunca mais vai passar na TV nesse horário, devido às ridículas imposições da nova classificação etária da TV. Pois então, aproveitem!

SE EU QUISER FALAR COM DEUS...



(...) Eu preciso de ti, oh Pai!
Sou pequeno demais

Me dá a tua paz

Largo tudo para te seguir!

Entra na minha casa

Entra na minha vida

Mexe com minha estrutura

Sara todas as feridas

Me ensina a ter santidade

Quero amar somente a ti

Porque o Senhor é meu bem maior

Faz um milagre em mim!


***

Em relação à Música, quem me conhece sabe que não curto muito essas letras "pobres", sem reflexão, sem mistério, sem novidade, sem criatividade.

Essa, parcialmente transcrita acima, é uma letra desse tipo que em nada me acomete. Passa batido e sem batida em mim.

Eu a ouvi até retumbante, daquele jeito que os instrumentos de sopro transformam as canções. Estava toda osquestrada por muitas vozes, acusticamente poderosa... Foi há umas semanas atrás, numa catedral católica da cidade, durante o casamento de uma amiga querida. Sim, gostei e apreciei, mas nem assim eu a "senti" mais intensamente... Coisas do temperamento, sei lá...

Por outro lado, quando estou orando, seja no quarto mais íntimo da alma ou nas "estações" de pouso público - e mesmo nas calçadas da vida por onde caminho cantarolando - é exatamente assim que me expresso! É "bobo" assim, simples assim!

Ora, como ser criativo diante do Criador?

Só se eu for um tolo ou não acreditar estar realmente falando com Ele! Porque quem cria é Ele, e eu sou "feitura Dele, criado de antemão..."

Como lhe falar alguma novidade?

Ele tudo sabe e é a Boa Nova em Pessoa!

Não fico filosofando quando estou orando! Acho doentio alguém orar a Deus procurando termos e verbos.

Orar não é "português", e "embria-guez", é a gente feito embrião no ventre!

Oração não é mentalização, é desejo! É vontade de mamar, é criança balbuciante, pedinte, que não sabe se expressar senão com gestos e olhar!

Sei que a mente pode até entorpecer, e o mais lúcido dos homens vira alucinação, fica embriagado! Se funde com o sagrado e não entende nem o que fala, em verbalizações inexpremíveis...

Daí que a oração não é linguagem intelectual, é testificação do enlace no espírito.

É derrame, é alma exposta, é gemido, é dor, amor, lágrima, sorriso... É mesmo básico, infantil, sem nada decorado, nada embelezado. É quem sou, como sou; é ânsia de vê-Lo agindo em mim, por mim, comigo!

Às vezes, é só gratidão, outras vezes é apelo, rogo, insistência, vômito! É, contudo, sempre súplicas com ações de graças!

E, às vezes, é só respiração, transpiração, inspiração, des-petrificação, plenificação e silêncio!

Todavia, dependendo de como estou, nem dentro de um mosteiro de quietude consigo concentrar-me em orar, de tanto que a mente perturbada circula acelerada pelos corredores desse labirinto que é viver agarrado a projetos e projeções. Eu tento. Não consigo. Parece que tenho mais o que fazer... Só elevo meus olhos para os "montes", na direção que Quem pode me prover socorro!

Mas quantas outras vezes, dentro do carro-que-sou-eu, em meio ao trânsito da urbanidade carregada, eu não "subi" e me agarrei Nele? "Meu Pai, me leva daqui... Me coloca em teus braços, me faz dormir... Acaba logo com isso, tenho saudades de ti! Ai... Ai.. que saudades de ti!

Da glória que terei junto a Ti...Saudade de tudo que eu ainda não vi... De voltar de onde eu parti... e pela primeira vez, conhecer esse lugar! Lugar que agora, por ora, habita em mim! Ah! Tu habitas em mim... já ia me esquecendo... Cristo em mim, esperança de Glória!... Meu Bem Maior... Faz um milagre em mim..."


Pois é.... manos queridos... Se alguém me testemunhar orando verá a breguice que é fazê-lo!

Nas Escrituras, não vejo quem esteja orando como se a Deus estivesse pregando... Nem profeta, nem apóstolo, nem salmista e nem o Messias!

Afasta de mim esse cálice, Paaaaiiiii - Foi Jesus-não-pode-ser

Senhor, não sei falar, sou pesado de língua... Foi Moíses, tentando desviar-se

Tá bom, Senhor, eu vou! - Foi Ananias já cedendo...

Ai de mim que vou perecendo...Foi Isaías vendo o que não podia...

Senhor... sou apenas uma criança...Foi Jeremias, que se conhecia

Afasta-te de mim, pois sou pecador... Foi Cefas querendo Deus

Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo!... Foi Cefas, feito Pedro

Eu encontrei teus altares, Deus meu e Rei meu! - Foi Davi todo seguro

Dá-te pressa em acudir-me!!! Levanta-te, Senhor!!! - Foi Davi todo inseguro

Ora, vem Senhor Jesus! - Foi João, fechando o Livro

Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito - Foi Jesus fechando a História!

Tolices são orações enfeitadas em línguas in-devotas. Porque rasgos intelectuóides não cabem dentro de orações de verdade!

Orações de verdade só cabem dentro de ternos rasgados feito o Véu em devo-ção, sujos no pó e na cinza e lavados no Sangue, novo e vivo Caminho por onde a alma entra nua e ousada, com a fronte curvada e mesmo assim elevada, sempre assumida, sempre confessada!

Oração é a ação de adorar!

É ador-ação.

É música mesmo, cantada ou não!

Das mais tolas e sinceras... e oro agora por quem já perdeu essa dimensão:

"Pai, não deixa não..."

Marcelo Quintela

Fonte.: blog do caminho